Dos 40 inscritos, 16 lideranças indígenas estiveram presentes na Oficina de Formação de Formadores para o Controle Social no SUS
A etapa presencial da Oficina de Formação de Formadores do Projeto Participa+ reuniu 40 participantes em Cuiabá-Mato Grosso, nos dias 16 e 17 de maio. A atividade contou com integrantes de conselhos de saúde, movimentos sociais e entidades ligadas à saúde, com destaque para a participação de 16 lideranças indígenas, de quatro etnias do estado – Haliti-Paresi, Kanela do Araguaia, Karajá e Tapirapé.
Cuiabá sediou a 35ª oficina presencial do Projeto Participa+ para o Controle Social no SUS, das 82 oficinas de formação de formadores previstas nessa 4ª edição. Essa etapa do projeto buscou ampliar a abrangência das atividades, envolvendo um número maior de participantes para atuar na formação, no fortalecimento institucional e na produção de conhecimento de forma qualificada.
O cacique e conselheiro distrital de saúde indígena, Pedro Filho, da etnia Kanela do Araguaia, reforçou que “a realidade na saúde indígena nos territórios é bem diferente do que ocorre nas grandes cidades”. “Não dá mais para nosso povo ficar afastado das decisões e da participação social”, enfatizou. O conselheiro também destacou a importância da oficina para a multiplicação do conhecimento “com enfoque nas experiências locais e respeitando as especificidades de cada região”.
Durante os dois dias de oficina também foram compartilhadas experiências na criação de Conselhos Locais em territórios indígenas, em funcionamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) localizadas nos municípios próximos às comunidades e nas Casas de Saúde Indígena (Casai).
De acordo com informações do Distrito Sanitário Especial Saúde Indígena de Cuiabá (Dsei), existem 200 Conselheiros Distritais e Locais de Saúde Indígena. Desse total, 15 conselheiros atuam em Casas de Saúde Indígena (Casai) para fiscalizar, debater e apresentar políticas para o fortalecimento da saúde nas regiões.
A conselheira suplente do Conselho Estadual de Saúde de Mato Grosso (CES-MT) e integrante da Comissão Especial Temporária de Educação Permanente em Saúde e Capacitação de Conselheiros(as), Ester Reis, esteve presente nos dois dias de atividades e reforçou a importância da formação para o controle do SUS no estado. Ester enfatizou o apoio dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipais na mobilização para a participação das lideranças indígenas da região nessa etapa da oficina. “A troca de conhecimentos que estamos tendo aqui com certeza vai fortalecer ainda mais o Sistema Único de Saúde (SUS) em toda a sua abrangência”, afirmou a conselheira.
Desigualdades sociais e raciais
O acesso aos serviços de saúde e a participação social no SUS é prejudicado pela desigualdade social e racial, pelas dificuldades particulares de grupos socialmente vulneráveis e pelo despreparo referente ao atendimento intercultural. Esses foram alguns dos assuntos debatidos durante os dois dias de oficina que evidenciaram a relevância da formação de formadores para o controle e participação social no SUS.
A professora pedagoga e presidenta do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), da etnia Haliti-Paresi, Teresa Cristina Kezonazokero, reforçou a pluralidade na participação de lideranças indígenas femininas nas tomadas de decisões relacionadas à saúde indígena. “Isso só aumenta a nossa responsabilidade enquanto membros dos Conselhos Locais, já que temos a missão de fiscalizar o cumprimento das leis em prol da saúde nas comunidades indígenas do Estado”, afirmou Teresa.
O estado do Mato Grosso possui cerca de 45.065 pessoas indígenas vivendo em territórios originários, número que corresponde a 77% da população total do país vivendo em territórios indígenas. Esse é o maior percentual do Brasil, conforme o recorte do Censo Demográfico 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Inscrições abertas
O Participa+ está na 4ª edição da Formação para o Controle Social no SUS, sendo promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e pelo Centro de Educação e Assessoramento Popular (Ceap) em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A atividade é organizada pela Comissão Intersetorial de Educação Permanente para o Controle Social no SUS do CNS (CIEPCSS/CNS).
As inscrições para as oficinas continuam abertas para alguns estados, assim como as rodas de conversa. As vagas são limitadas e devem ser feitas pelo site participamais.ceap-rs.org.br
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Fonte: Ascom CNS