Dia Internacional da Mulher

“Este é o dia em que a gente lembra de todas as nossas ancestrais, todas as mulheres que vieram antes de nós e que lutaram para que a gente pudesse ter direito à voz hoje”

Manifestação ocorrida no dia 8 de março de 1917, na Rússia em  em que mulheres buscavam melhores condições de trabalho e de vida

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, vai muito além de uma data comemorativa. Sua origem teve início no século XX, quando movimentos femininos ao redor do mundo passaram a reivindicar melhores condições de trabalho, direito ao voto e igualdade social. Desde então, a data tornou-se um símbolo da luta por direitos e pela valorização da mulher na sociedade.

A data surgiu por meio das manifestações de mulheres operárias do final do século XIX e início do século XX, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Um marco importante foi a greve das trabalhadoras têxteis em Nova York, em 1908, que exigiam redução da jornada de trabalho, salários justos e melhores condições de vida. Segundo dados históricos, foi no ano de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que a ativista alemã Clara Zetkin propôs a criação de um dia anual para celebrar as lutas femininas. Em 1917, no dia 8 de março, operárias russas foram às ruas protestar contra as péssimas condições de trabalho, a fome e a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. O movimento ficou conhecido como “Paz, Terra e Pão”. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

A diretora administrativa do Ceap – Centro de Educação e Assessoramento Popular, Elenice Pastore, destaca que o Dia Internacional da Mulher é um dia de reflexão e de luta. “Reflexão porque esse dia foi instituído para lembrar as mulheres, as 129 mulheres, que em 1857 em Chicago nos Estados Unidos morreram queimadas dentro de uma fábrica porque lutavam pelos seus direitos. Depois, por volta de 1970, a ONU reconheceu essa data como sendo o Dia Internacional da Mulher justamente para que se possa relembrar e continuar lutando por direitos das mulheres e por igualdade nos espaços”, pontua.

Ao longo das décadas, conquistas significativas foram alcançadas. O direito a estudar e o voto feminino foram algumas das primeiras vitórias, seguidas da inserção das mulheres no mercado de trabalho, da criação da pílula anticoncepcional, que possibilitou a ampliação dos direitos reprodutivos e do avanço de leis contra a violência de gênero. No Brasil, um destaque é a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que representou um marco na proteção contra a violência doméstica.

De acordo com a educadora popular do Ceap, Nara Peruzzo, são muitas as conquistas que devem ser lembradas nesta data. “Para mim, o 8 de março é uma celebração da conquista do direito ao voto, de ser votada, a conquista da aposentadoria, da habitação, a licença maternidade e tantos outros direitos que foram conquistados e por isso é um dia de luta. Esses direitos foram conquistados porque as mulheres se organizaram e lutaram para que isso fosse possível”, disse, explicando que a luta das mulheres não é individualizada, sendo uma disputa de modelos societais. “Que tipo de mundo nós queremos? Nós queremos um mundo onde todas as pessoas sejam reconhecidas como humanos e que a humanidade minha não seja inferior à sua humanidade, e por isso nós somos protagonistas da história, por mais que muitas vezes excluídas dela ou invisibilizadas nesse processo de construção, mas nós também somos sujeitas que constroem histórias e que provocam novas perspectivas de mundo”, pontuou.

Os desafios atuais

Apesar dos avanços, a igualdade de gênero ainda enfrenta grandes desafios. A disparidade salarial entre homens e mulheres continua uma realidade global, assim como a representação feminina em cargos de liderança política e no mercado de trabalho. No Brasil, as mulheres ganham, em média, 20% menos que os homens para funções equivalentes, segundo dados do IBGE.

A violência contra a mulher também persiste como um problema alarmante. O feminicídio e a violência doméstica seguem em níveis preocupantes, reforçando a necessidade de políticas públicas eficazes e de uma mudança cultural profunda para erradicar essas práticas.

Outro desafio é a divisão desigual do trabalho doméstico e do cuidado com os filhos, que ainda recai majoritariamente sobre as mulheres, impactando sua participação no mercado de trabalho e sua saúde mental.

A educadora popular, Andreza Almeida, ressalta que a luta é para que as mulheres possam decidir que caminho querem tomar em suas vidas. “Para mim, é o dia em que a gente lembra de todas as nossas ancestrais, todas as mulheres que vieram antes de nós e que lutaram para que a gente pudesse ter o direito à voz hoje, o direito a dizer para todas, todos e todes que nós existimos, nós podemos sim, nós temos o direito de sermos felizes e de definirmos o nosso próprio curso, as nossas vidas”, disse.

Caminhos para o Futuro

O avanço da equidade de gênero depende de uma série de fatores, incluindo a implementação de políticas públicas que garantam a igualdade salarial, a ampliação da participação feminina na política e em cargos de liderança e o fortalecimento da educação sobre direitos das mulheres desde a infância.

Segundo Elenice, o Dia Internacional da Mulher deve ser um momento de reflexão e de ação, para que sejam celebradas as conquistas, sem deixar de lado a luta, pois é essencial para um futuro com equidade para todas as mulheres.

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