Equipe de pesquisa e integrantes de Movimentos Sociais que integram o Fórum Direito Humano à Saúde socializam experiências sobre controle social no SUS
O Projeto Participa+ promoveu na quarta e quinta-feira, dias 23 e 24 de outubro, a Oficina de Sistematização de Experiências com Movimentos Sociais que fazem parte do Fórum Direito Humano à Saúde (Fórum DH Saúde). O encontro ocorreu na cidade de Passo Fundo- RS, contando com a presença de lideranças de oito movimentos sociais, além de educadores populares e pesquisadores que integram o projeto por meio do Centro de Educação e Assessoramento Popular (Ceap).
A atividade foi organizada pelo Grupo de Trabalho (GT) de Sistematização, um dos eixos do Projeto Participa+. “Durante esse ano estamos sistematizando oito experiências de oito movimentos sociais. Experiências de participação social em saúde. Estamos fazendo um seminário nacional, discutindo o estágio dessa sistematização e ao mesmo tempo refletindo sobre os aprendizados e desafios que essas experiências podem trazer, tanto para o movimento que está vivenciando a sistematização, como também para o conjunto dos movimentos sociais e do controle social em saúde”, pontuou o pesquisador e educador popular do Ceap, Henrique Kujawa.
Durante uma das atividades da Oficina, o grupo debateu sobre a compreensão do seu movimento social sobre participação e o controle social em saúde, refletindo sobre quais desafios têm encontrado para a participação e o controle social no SUS. Outro painel abordou como a participação em saúde é um elemento indissociável para o fortalecimento dos sistemas de atenção à saúde nas Américas.
Experiências
Durante a Oficina, as lideranças apresentaram o andamento do trabalho desenvolvido dentro dos movimentos. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apresentou proposições relacionadas à luta pela PNAB – Política Nacional dos Atingidos pelas Barragens.
Já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apresentou o andamento da sistematização a respeito do setor de saúde durante a Covid-19, pontuando elementos como a atuação de médicos populares, a Tenda Maria Aragão e os agentes populares de saúde.
Entrevistas com ex-presidentes, histórico de participação e linha do tempo buscando resgatar a atuação da Confederação Nacional da Associação de Moradores (Conam) no Conselho Nacional de Saúde foram apresentadas durante a Oficina.
A União Brasileira de Mulheres (UBM) está organizando entrevistas, fotos e histórico de atuação promovendo rodas de conversa sobre a atuação da entidade, concepção de saúde e atuação do controle social.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) também apresentou relato sobre a sistematização de linha do tempo, com reunião dos principais fatos históricos, seleção dos atores do sindicato que participaram da inserção no conselho, levantamento da legislação e documentação.
A atuação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quixeramobim-CE no Conselho Municipal de saúde é abordada por meio da sistematização do trabalho da entidade sindical dentro do Conselho Municipal de Saúde, fatos históricos, levantamento de documentos e informações.
O Coletivo de Mulheres Negras e LGTs Ayomidê Yalodê apresentou o percurso do plano de sistematização que selecionou o Projeto sobre formação de estímulo ao autocuidado nas comunidades de terreiro durante o ano de 2023, entrevistas, organização de fotos dos reencontros integram a sistematização.
Já o Movimento Nacional de Direitos Humanos apresentou a sistematização sobre o “processo de monitoramento das políticas públicas de saúde nas unidades prisionais do estado de Santa Catarina durante a Pandemia da Covid 19”. O trabalho conta com entrevistas, análise de documentos, criação de linha do tempo, entre outras ações.
Por fim, a Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), apresentou o plano de sistematização em torno do projeto “Educação em Saúde da(o) Trabalhadora(or) da Pesca Artesanal e Formação de Agentes Multiplicadoras em Participação na Gestão do SUS” que está reunindo resultados e desafios, tendo no planejamento a realização de roda de conversa com os pescadores da Bahia.
Destaque
A Oficina contou ainda com a visita de Madalena Ramos Görne, encarregada para projetos no Brasil do Departamento da América Latina da Misereor. A Misereor é uma organização ligada à Igreja Católica da Alemanha para a cooperação internacional, que atua com organizações locais na África, Ásia e América Latina. Diversas ações do Fórum DH Saúde são apoiadas por um projeto de parceria entre o Ceap e a Misereor.
A representante da Misereor acompanhou o relato de cada organização com alguns dados sobre a atuação geral de cada movimento e sua área de abrangência. Na sequência foi apresentada uma síntese de cada experiência de atuação dos movimentos na área da saúde pública, que está em processo de sistematização.
Madalena pode conversar também sobre características importantes do nosso Sistema Único de Saúde e desafios que são identificados no curto e médio prazo, fazendo uma relação com sistemas de saúde de países da Europa. O diálogo também abordou como o registro e divulgação destas experiências podem contribuir numa maior participação popular nos territórios e também no fortalecimento do controle social no SUS.
Representantes
A Oficina contou com a presença de Marcus Tadeu Barbosa Ferreira (MAB), Cynthia Maria Pinto da Luz (MNDH), Aimberê Gomes Jardim (MST), Maria de Lourdes Leppaus Dias (ANP), Bartiria Perpetua Lima da Costa (CONAM), Amana Verena Simões de Sousa (Ayomidê Yalodê), Vanja Andrea Reis dos Santos (UBM), Rodrigo (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quixeramobim-CE), Antônio Lacerda Souto (Contag); além dos educadores populares ligados ao GT pelo Ceap, Iara Duarte Lins, Frederico Viana Machado, Rodrigo Silveira Pinto, Henrique Kujawa e Ésio Salvetti.
Fotos: Assessoria de Comunicação CEAP